Ubatuba

Cannibals.23232Gravura de Théodore de Bry, 1562

Brazil_16thc_tupinambaGravura de Théodore de Bry, 1562

Os tupinambás são considerados os antepassados de todas as tribos tupis que habitavam o litoral brasileiro no século XVI. Compunham-se de 100 000 indivíduos. Eram a nação indígena mais conhecida da costa brasileira pelos navegadores europeus do século XVI.

Em todas as tribos tupinambás, era comum a intercessão dos pajés junto aos espíritos através do uso dos maracás, chocalhos místicos cujo uso era obrigatório em qualquer cerimônia.

Os tupinambás da Região Sudeste do Brasil tinham um vasto território, que se estendia desde o Rio Juqueriquerê, em São Sebastião/Caraguatatuba, no estado de São Paulo, até o Cabo de São Tomé, no estado do Rio de Janeiro. O grosso da nação tupinambá localizava-se na Baía da Guanabara e em Cabo Frio, onde fabricavam o gecay, que era a mistura de sal e pimenta que os índios vendiam aos franceses, com os quais se aliaram quando estes estabeleceram a colônia da França Antártica na Baía de Guanabara.

As tentativas de escravização dos índios para servirem nos engenhos de cana-de-açúcar no núcleo vicentino levaram à união das tribos numa confederação sob o comando de Cunhambebe chamada de “Confederação dos Tamoios”, englobando todas as aldeias tupinambás desde o Vale do Paraíba Paulista até o Cabo de São Tomé, com invejável poderio de guerra: milhares de índios e centenas de igarás (canoas nas quais seguiam mais de 20 indígenas).

Todo este poder teria facilmente condições de destruir São Vicente e a Vila de Itanhaém, umas 20 léguas mais ao sul da primeira, acabando com a hegemonia do território português no sudeste do Brasil, uma vez que os índios, traídos pelos portugueses, fizeram uma aliança duradoura com os franceses que haviam fundado a colônia da França Antártica na baía de Guanabara.

Os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta foram incumbidos pelos portugueses de fazer as pazes com os índios fronteiriços da nação tupinambá, que habitavam Yperoig (atual cidade de Ubatuba, no estado de São Paulo). A missão dos padres obteve êxito: Paz de Iperoig é o primeiro tratado de paz celebrado entre índios e colonizadores brancos nas Américas.

Quando os portugueses atacaram os franceses do Rio de Janeiro, estes pediram ajuda aos índios, que acudiram a seus aliados. Isto levou ao extermínio dos tupinambás que moravam em aldeias em torno da Baía da Guanabara, na segunda metade do século XVI. Os que conseguiram se salvar foram os que se embrenharam nos matos com alguns franceses e os índios tupinambás de Ubatuba ou se embrenharam nos matos ou foram assimilados pelos colonos em Ubatuba, gerando a atual população caiçara daquela região.

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Tupinamb%C3%A1s)

O que teria acontecido se o tratado de Paz de Yperoig não tivesse sido acordado? Se a Conferênca do Tamoios tivesse resultado em uma ofensiva de guerra de milhares de índios aliados aos franceses contra os portugueses?
[…] a vingança tupinambá fala apenas, mas fala de forma essencial, do passado e do futuro. É ela, e somente ela, que põe em conexão os que já viveram (e morreram) e os que viverão, que explicita uma continuidade que não é dada em nenhuma outra instância.” Viveiros de Castro – pg 198-199

“Tupinambá” é oriundo do termo tupi tubüb-abá, que significa “descendentes dos primeiros pais” , através da junção dos termos tuba (pai) , ypy (primeiro) e abá (homem).
http://katutupy.blogspot.com.br/p/lingua-tupinamba.html

http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/modos-de-vida/rituais

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Vingança e temporalidade: os Tupinamba. In: Journal de la Société des Américanistes. Tome 71, 1985. pp. 191-208.
BUENO, E. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999. p. 43.
NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 22

AGNOLIN, Adone. Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambá. Rev. Antropol. [online]. 2002, vol.45, n.1, pp. 131-185. ISSN 0034-7701.

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